Ali, sozinha em meio ao silêncio da casa grande e da solidão, já não sabia mais o quê fazer.
Olhava para a janela. Vontade imensa de se jogar de lá.
Olhava para a porta.
Vontade imensa de sair vagando pelo mundo.
Mas até o fato de não saber para onde ir a angustiava a alma.
Saudade.
Saudade dos tempos que se foram. Ainda mais das pessoas que pensou que jamais passariam.
Lembrava das promessas! Quantos "para sempre" ouvira de pessoas que ela amou.
Mas que depois se acostumou a sentir falta.
O grave é que ela se lembrava de quando tudo isso aconteceu.
Vivia e remoía os momentos nos quais precisou de um abraço, uma palavra, mas as outras pessoas estavam muito ocupadas vivendo, e não tinham tempo para ela.
Esqueceram do "pra sempre" prometido.
O único pra sempre que ela conhecia agora, era o tempo que aparentava ser infinito em meio àquela solidão e angústia que sentia.
Sentiu então vontade de se despedir, mas lembrou que quase ninguém mais lembrava dela.
Sentiu o calor no peito. Calor esse que ia rolando mais pra baixo. Eram as lágrimas, quentes que escorriam do seu rosto.
Enxugara tantas lágrimas, de tantas pessoas. Tanta gente. E agora, as suas rolavam livremente pelo peito.
A maquiagem ia embora. Revelando seu verdadeiro eu. Quem ela realmente era.
A pessoa que todos pensavam conhecer, mas que nunca olharam a fundo pra descobrir que ela era uma menina que precisava da atenção. Não para ser notada. Mas amada.
Sair dali? Ir embora?
Pra onde correr? Pra onde fugir?
Olhou a mala. Hora de partir.
Se lembrariam dela ou não, já não tinha mais importância.
Uma pena que não tenham notado aqueles olhos assustados, que saltavam as órbitas, clamando e implorando por entendimento. Por carinho, afeto e tudo o mais.
Mas a vida é assim mesmo.
As pessoas só dão valor ao que tinham, depois que perdem.
Mas daí, já pode ser tarde demais.
A vida segue. Afinal.
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