Queria falar
das cores alegres, as mais vivas que lhe vinham à mente, mas de nada adiantava.
O cinza e as
cores mais escuras predominavam.
Queria falar
da alegria dos raios solares, do canto dos pássaros ao longe, do som das ondas
batendo no casco. Mas de nada adiantava.
O vento frio
que vinha do Sul ainda o fazia tilintar os dentes.
Queria falar
de tanta coisa, mas as coisas é que falavam dele.
Meses já
haviam passado, mas era como se tivesse sido ontem. E não tinha com quem compartilhar tamanha
frustração. O rádio havia muito não funcionava. Nem pombo-correio poderia se
dar ao luxo de usar. Não. Eles não chegavam ali.
Sensação
horrível de se estar à deriva, sem sinal de terra firme, de não ter onde se
agarrar.
Pensava que,
àquela altura, já deveria ter chegado. Já deveria estar com ela, mas não.
E agora, nem
certeza de que era esperado tinha mais. Tudo sumiu como fumaça.
Resolveu
então escrever.
Aquela
caligrafia horrível.
Por causa da
digitação que era super rápida, segurar numa caneta já não era mais o seu
forte. Mesmo assim, ousou tentar.
O quê dizer?
Com quem falar?
Ninguém iria
ler. Provavelmente, ninguém veria aquele escrito.
Mesmo assim,
ousou escrever.
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