Queria falar
das cores alegres, as mais vivas que lhe vinham à mente, mas de nada adiantava.
O cinza e as
cores mais escuras predominavam.
Queria falar
da alegria dos raios solares, do canto dos pássaros ao longe, do som das ondas
batendo no casco. Mas de nada adiantava.
O vento frio
que vinha do Sul ainda o fazia tilintar os dentes.
Queria falar
de tanta coisa, mas as coisas é que falavam dele.
Meses já
haviam passado, mas era como se tivesse sido ontem. E não tinha com quem compartilhar tamanha
frustração. O rádio havia muito não funcionava. Nem pombo-correio poderia se
dar ao luxo de usar. Não. Eles não chegavam ali.
Sensação
horrível de se estar à deriva, sem sinal de terra firme, de não ter onde se
agarrar.
Pensava que,
àquela altura, já deveria ter chegado. Já deveria estar com ela, mas não.
E agora, nem
certeza de que era esperado tinha mais. Tudo sumiu como fumaça.
Resolveu
então escrever.
Aquela
caligrafia horrível.
Por causa da
digitação que era super rápida, segurar numa caneta já não era mais o seu
forte. Mesmo assim, ousou tentar.
“Errei o caminho. Tentei acertar. Não consegui.
Não sei se vou chegar. Mas se chegar, tudo estará diferente. Já não estarão
mais esperando. Não posso culpa-los. Uma pena. Tudo poderia ter sido diferente
se chegasse no tempo certo. Mas não foi assim que aconteceu. Espero que estejam
bem. Em mim, dói a saudade. Que pretendo matar quando chegar. Mesmo estando
diferente, e encontrando não mais as pessoas que deixei, mas as pessoas nas
quais vocês se tornaram. A vida é assim. Somos como as estrelas. Muitas vezes,
o brilho que vemos, é o passado. O presente pode ser bem diferente. Mas ainda
assim, não podemos esquecer de olhar para o horizonte. Onde as estrelas
brilham. Lá, bem longe, enquanto umas morrem, outras nascem. Nascem para ocupar
o lugar daquelas que se foram. Mas que jamais serão esquecidas.”
Lá
estava eu navegando pelas fotos das pessoas que sigo no Instagram, quando me
deparo com uma foto na qual o PC Siqueira dizia “meus ídolos estão morrendo”.
A
imagem não me era estranha. Dolores O’Riordan.
Pensei
comigo: “Veesh... Eu conheço essa cantora... Só não lembro de qual banda ela é.”
Mas
sabia que a conhecia.
Sendo
eu uma pessoa que sempre gostou de ter, ao longo da vida, diversos sons como
trilha sonora nos meus mais variados momentos, sabia que já havia colocado músicas dela aqui no
blog.
Na
rádio 95 FM, onde trabalhei anos atrás, lembro de um amigo que era fanático
pelas músicas do grupo irlandês. Era necessário que a direção da rádio sempre
chamasse a atenção dele, pois àquela época, ainda existia um pouco de liberdade
para se tocar o quê gostava. E no horário dele, se não cuidasse, tocaria umas
cinco (pelo menos) do “The Cranberries”.
46
anos. E até o momento da publicação desse post, ainda não se sabe do que ela
morreu.
É
verdade que havia anos que o sucesso da banda não era como antigamente.
Ela
(Dolores) ficou longe uns cinco, seis anos, dos seus companheiros de estrada.
No entanto, havia retomado, e nos sites especializados, os amigos mais próximos
todos diziam que ela estava super feliz, pronta pra entrar em estúdio, para
gravar mixagens para uma nova versão de “Zombie”.
Como
era de se esperar, a procura pelas faixas da banda cresceu estratosfericamente.
Só
na Amazon, subiu mais de 900 mil por cento.
Era
uma voz diferente. Gostosa de se ouvir. E cantava o quê sentia.
Quando
um artista faz isso, sentimos a diferença.
Em
“Ode to my family”, música que encerra nosso post de hoje (e que já apareceu
por aqui muitos anos atrás) Dolores cantava a saudade e a falta que sentia de
sua família, devido à agenda cheia. Curtia sim o showbizz. Mas transbordou em
forma de canção a tristeza por estar longe daqueles(as) que amava e que, por
estar em turnê, pouco via.
Hoje
foi mais uma madrugada daquelas em que escrevi um baita texto que achei que
seria importante colocar aqui nesse meu espaço, por mais que não tenha mais a
mesma gana de publicar e atrair leitores, mas que acabei deletando tudo, por julgar que não seria mais interessante.
Não
porque queira me aparecer. Longe disso.
Os
tempos em que quis ajudar, pensando que tinha várias respostas para os diversos
problemas que a sociedade enfrenta se foram há muito.
É
como chegar ao consultório do psicólogo, deitar no divã, e derramar ali a sua
vida, suas situações, alegrias e tristezas, e depois pedir para ele esquecer
tudo o que falou.
Pra
ele, teria importância para montar o diagnóstico e tratar de você.
Mas
pra quem fala, fica a sensação de estar “batendo em cachorro morto”, ou seja,
de nada adianta tocar naqueles assuntos que só você julga serem importantes.
Ninguém mais liga.
Nos
meus tempos de grupo de oração, eu era expert em pedir para que as pessoas partilhassem
suas vidas (a minha, inclusive), pois assim seria mais fácil convivermos em
equipe de estrutura, e como pessoas que buscavam um mesmo ideal. Hoje, até
mesmo na Igreja é difícil que te escutem.
As
pessoas querem falar muito de si mesmas, mas esquecem que o terceiro da
história está ali, praticamente gritando por socorro para que seja ouvido.
Não.
O
tempo é escasso. E “cada qual com seus ‘pobrema’”.
Triste
realidade de um mundo cada vez mais conectado.
Mas
não vou ficar me lamentando por isso não. Aliás, uma de minhas resoluções para
esse novo ano de 2018, era reclamar menos. Até eu não me suporto quando começo
a ficar chato pelas reclamações.
Senti
necessidade de voltar a escrever. Queria muito escrever todos os dias, mas
sinto que não tenho mais tantas ideias para digitar à quem aparece por aqui.
Como
temos uma página no Facebook (esse blog, no caso), vou compartilhar os posts
lá, pra que quem tenha curtido a página saiba que ela está ativa, e também à
galera do Twitter, que é a rede que mais tenho acessado.
Desculpe
não ter mais tanta coisa bonita e/ou legal para escrever.
Há
muito não tenho inspiração para tal.
Bons
tempos nos idos de anos atrás, quando escrevia até quatro textos por madrugada.
Outra
paixão: escrever nas madrugadas! Assim como estou fazendo hoje (mas só porque
amanhã folgo no trampo do dia). Quase amanhecia escrevendo! Mas tudo é um
ciclo. Hoje, estamos aqui, certo? Isso é o que importa! Olhar para o que existe
e valorizar! Lamentar, não mais.
Bora
atrair coisas positivas?! Sentimentos bons?! Curtir (ou pelo menos buscar
curtir) 2018 em sua plenitude?! Bora então!
Lembram
que eu disse que havia escrito um texto enorme e que achava super importante,
mas que pressenti que não valeria a pena? Então.
A
música, pelo menos, eu mantive!
Trata-se
de “The night we met”, trilha da série “13 Reasons Why”.
Obrigado
pela honra de sua leitura. Volte mais vezes!
Hoje senti saudade.
Saudade de falar com você através daqui.
Você já teve a impressão de que, ao invés de você evoluir, vai regredindo com o tempo?!
Sensação estranha essa.
Acredito que nossas vidas sejam compostas de auges.
A gente atinge, num certo tempo da vida, um arco na vida de muita gente. Conhecemos muita gente.
Participamos da vida dessa gente.
Mas com o tempo, alguns de nós vamos nos tornando sós.
No meio de muita gente, acabamos sozinhos.
Vejo meu blog como meu psicólogo. Volta e meia, tô aqui.
Apareço. Sumo.
Mas não desisto de procurar as estrelas que teimam em se esconder atrás das nuvens.
Estrelas essas que fazem meus olhos brilharem. E nem elas são as mesmas.
Quando olhamos para elas, viajamos no tempo. A luz que emana de sua energia demora um bom tempo até chegar até nós. Ou seja, muitas vezes, o quê enxergamos, nem existe mais.
Na minha adolescência, gostava de sentar na minha calçada, e olhar o anoitecer. Ansiava por profundidade. E o espaço parecia ser o lugar perfeito para tal.
Com o tempo, esse espaço foi ocupado por muita gente. Muitas realidades. Muitas histórias.
Tempo passado.
Pergunto-me se, quando estiver na altura dos 80 anos, continuarei assim, saudosista.
Não quero me encher, e nem quero encher ninguém com isso. Talvez por isso, com o tempo, a gente se recolhe.
A gente aprende a ser a gente, e entende que não muda.
E que tá tudo bem com isso.
Eventualmente, podemos até mudar.
Mas isso, vai depender das circunstâncias. De como as coisas vão se desenrolar no dia-a-dia.
Não pode ser forçado.
Mesmo sendo estrelas solitárias, é bom ver que ainda brilham.