sábado, 19 de junho de 2010

O fim e o começo


Resolveu então caminhar pelo bosque.
Mesmo sem ter em mente um lugar específico para se chegar. Já não importava mais.
Sabia que a tinha perdido para sempre. O que fazer agora?!
Para onde ir?! Para quem ligar?!

Nada. Nada além da dor da perda daquela que o fazia sorrir todas as noites, após uma longa e prazeirosa conversa!

Mas ainda havia esperança! A vida é sempre cheia de esperança! Basta olhar do lado certo!

Pegou mais uma vez o celular. Havia um clima intenso no ar. Um clima de saudade. Um cheiro de lembranças.
Olhou para o número dela na lista. Checou a duração de sua última ligação.
Não. Não ligaria de volta. Sabia que não podia, e que não devia.

Lembrou-se então de sua infância. As lágrimas começaram à descer pelo seu rosto, pálido e gelado como o inverno costuma deixar. Já não se segurava mais. Chorava com vontade, querendo convencer à si mesmo de que não devia mais nada à ninguém. O fim daquela jornada estava ali, diante dele. Começou então à deletar as fotos. As mensagens. As ligações.

Deletaria aquela mulher de sua vida. Justo aquea que ele mais quis que fôsse sua. Mas que os caminhos haviam se separado. Dividido.

Não havia por que se culpar. As coisas foram exatamente até onde poderiam ir.
E num impulso, arremessou o aparelho para longe. A chuva começara a cair.

E para ajudar, num bar ao longe, uma música começa a tocar. Aquela mesma, que o fazia lembrar de sua viagem, naquele dia, antes da partida. Isso o fez rir!
Parecia um maluco! Chorando e rindo ao mesmo tempo! Em meio a chuva torrencial que resolvera desabar!

Só então se deu conta do que havia feito! “Meu Deus! Meu celular!” – Pensou ele!

Correu em direção ao mobile! Por sorte havia caído em um local seco, onde a chuva não alcançava.
Havia uma única foto que ele não apagara. Aquela, onde eles, sorridentes, estavam à esperar por dias mnelhores.
Resolveu então se abrigar. Saiu da chuva. Foi para debaixo de um toldo, de uma esquina, como tantas esquinas.
Olhou para a foto, e começou a agradecer à ela pelas vezes em que o fez sorrir das besteiras da vida, pelas vezes em que chorou com ele. Pelos dias em que o salvara da solidão, e principalmente por tê-lo feito se sentir uma pessoa melhor. Tudo o que ele não podia falar pessoalmente, pelas circunstâncias, era como se ela estivesse ali, diante dele, ouvindo cada palavra, tecendo sobre ele o olhar doce e meigo, típico da beleza feminina.

Aaaah! O olhar! Era do que mais ele sentia falta! Quantas vezes aqueles olhos sorriram para ele! Quantas vezes, num simples olhar, em meio ao silêncio, declararam seu amor um ao outro!
Mas agora, tudo era diferente. Tudo passou. Mas a vida continuaria, com suas surpresas e aventuras. E ele sabia que ainda viriam muitas coisas pela frente. Havia muita coisa à ser decidida. Muita coisa para ele mesmo se convencer. Seria mais difícil sem ela, mas não poderia se importar com isso, afinal, deveria seguir em frente, sem desistir. Ela não desistira. Apenas tomou o rumo que deveria ter tomado!
Ele também deveria agir assim.

A chuva havia diminuído. A tempestade passou.
Hora de recomeçar.
Começar, na verdade!
Começar uma nova história! Novas personagens, nova vida e novos acontecimentos.
Afinal, na vida, tudo pássa!
Só o amor permanece.

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