quinta-feira, 12 de julho de 2012

A solidão em meio a multidão

Olhava para um lado, olhava para o outro.
Uma verdadeira selva de pedra.

Não havia sentimento pior do que aquele.
Estar sozinho em meio a multidão. Sim.

Parece que nos dias atuais, quando você tem milhares de contatos em redes sociais, cada vez mais a solidão é maior. E isso é uma tendência mundial.

Olhou os contatos no celular. Tantos números. Tanta gente. Mas não havia uma sequer disponível quando ela mais precisava.
Com seus cabelos esvoaçantes, lá ia ela, perdida em meio aos pensamentos. Como foi parar ali?
Não se lembrava. E não lembrava também de quem a havia conduzido até aquele local. 
Na verdade... Até se lembrava. Mas o orgulho não deixava que isso transparecesse.

Havia confiado demais em alguém. 

Confiara seus segredos mais íntimos. Seus anjos e demônios.
E acreditava, de verdade, que nunca seria apunhalada pelas costas.

Sentia que havia sido roubada de si mesmo. Sentia que havia sido sequestrada no mais profundo interior.
Mas e agora...?
Como se reencontrar?

Sentia que não havia pessoas com o mínimo interesse em ajudá-la. 
Todos estava vivendo suas vidas. Sendo felizes! Não tinham tempo para prestar atenção àquela alma.

Ventava forte naquela tarde. O vento frio do inverno parecia aumentar sua solidão!

Parecia que as pessoas não conversavam. Sussurravam. E era um sussurro chato, que causava mal-estar. Ela não queria mais ouvir.

Quis ser ouvida, mas desfizeram do que pra ela era tão precioso.
Não ligaram para o que ela sentia.
Deixaram-na de lado.
E não seria agora que a atenção seria voltada à ela.

Tantas lembranças vinham à sua mente... Pessoas... Fatos... Memórias...

Que se foram pra sempre. Já não participava mais daquelas realidades.
Sentia que havia sumido do mapa! No final das contas... Quem se importa?!

Não queria ser um estorvo na vida das pessoas.
Quis gritar por socorro. Até esboçou uma pequena reação. 
Mas daí veio a recordação. Tantas vezes gritara não com a voz, mas com as atitudes. E ninguém ligou.

"Desculpa. Não tenho tempo."

Encostou no muro do centro da cidade. E foi, deslizando até o chão, até sentar-se. 
A multidão a cercava, mas ninguém a notava. Ninguém percebia.

Decidiu entrar então, cada vez mais dentro dela mesmo.
Como uma criança que é tirada do meio daqueles que ama, resolveu chorar baixinho, para não atrapalhar a vida daqueles que por ali transitavam.



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