terça-feira, 17 de julho de 2012

A loira de blusa azul

Consultou o relógio.
Notou que passavam das quatro da tarde.

O alvo estava mais ou menos à duzentos metros de distância.

Sentara num banco qualquer, esperando que a loira de blusa azul saísse de dentro do bar no qual havia entrado meia-hora antes. Estranha sensação.

Nunca na história de suas investigações, meia-hora havia demorado tanto para passar.

O vento estava começando a ficar cada vez mais gelado. Ao longe, ouviam-se trovões reboando. Anúncio de uma pesada chuva que cairia com certeza.

"Mas cadê essa mulher?" - Já estava começando a perder a paciência.

Não sabia o que ela haveria de fazer lá dentro, afinal, já havia estudado seus movimentos semanas antes. E ela nunca havia entrado naquele lugar.

De repente, uma estranha sensação. Sentiu que também estava sendo observado.

Olhou para a esquina, mais acima. Um menino maltrapilho brincava com um vira-lata, correndo e gritando à plenos pulmões.

Na pracinha, mais abaixo, um casal de namorados conversavam, abraçadinhos.
Mas o quê... Não. Havia algo errado. estava se sentindo estranho.

Teve o ímpeto de levantar-se, e sair dali o mais rápido possível.
Mas pressentiu que não seria bom. Uma angústia começou a tomar conta dele.
Estava fingindo ler um jornal, que servia também de proteção do seu rosto. 
O chapéu colaborava, mas quanto mais proteção, melhor.

Foi então que em meio a esse mal-estar, a loira surgiu.
Notou que ela carregava uma garrafa (provavelmente de vinho) na mão.Sem sacola, nem nada. Só a garrafa, que parecia ser nova.

"Finalmente!" - sussurrou para sim mesmo.

Levantou. E sentou de novo. Estava tonto.

Começou a pensar que alguém poderia tê-lo dopado. Não era comum sentir aquilo.

Lembrou de uma vez, quando foi envenenado, num outro país, numa outra missão.
Por sorte, sua companheira Alice estava lá para garantir o antídoto. 
Mas dessa vez... Ela não estava lá.

Fez um esforço sobre-humano. Conseguiu ver o momento da subida da loira no carro.

- Não posso perdê-la de vista... Preciso ir atrás dela!

Nisso, uma paulada o acertou em cheio, derrubando-o ao chão.



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